A trajetória de André Mendes (@andremendesart) começou cedo com interesse em design, e, mais tarde, na faculdade onde logo se envolveu na criação de murais. Depois de concluir seus estudos em 2002, o artista passou três anos em Barcelona, envolvido com um escritório de design e trabalhando com clientes do setor de restaurantes. Mais tarde, retornou ao Brasil e participou de projetos de notáveis, como um grande mural para uma praça pública encomendado pela Sanepar CASACOR.
Hoje, explora várias expressões artísticas, abrangendo desenho, pintura, esculturas, instalações e também desenvolve oficinas criativas para um público diverso. Durante nossa visita a seu atelier em Curitiba, tivemos a chance de conhecer melhor suas fontes de inspiração enquanto compartilhamos um café com boas ideias.
O que motiva seu processo criativo? Eu costumo ir ao estúdio todos os dias, isso é crucial para mim. Sempre tenho diversos projetos em andamento, então é uma questão de manter a consistência. Às vezes, tenho uma exposição com um prazo definido, e isso realmente me ajuda a manter o foco e a coesão no meu trabalho. A demanda por minhas criações também é um grande motivador, pois ela ajuda a estabelecer essa disciplina.
Mas nem tudo segue um plano perfeito. Às vezes, as coisas mudam no meio do caminho. Começo com uma ideia, mas à medida que observo, testo novas abordagens e até mesmo introduzo novos materiais, e o trabalho começa a evoluir de uma maneira diferente. Adoro experimentar novas linguagens, materiais e técnicas para ver como o trabalho responde.
O processo criativo envolve trabalho constante, experimentação e uma mente aberta para avaliar o que está funcionando e o que não está. Às vezes, isso significa que trabalho em excesso, especialmente quando estou experimentando novas abordagens, mas isso é também uma parte importante do processo para que o trabalho continue evoluindo.
Como um profissional criativo pode encontrar um espaço único no mercado?
A personalidade e autenticidade de um artista é algo muito importante, seja a partir de um conceito, narrativa ou poética que faça sentido para a existência.
Um dos desafios que o artista enfrenta é manter a coerência em sua pesquisa e produção. Além disso, é fundamental compreender o significado em um contexto que transcenda a mera estética pessoal. É por meio desse entendimento que o artista descobre sua singularidade.
Existe um equilíbrio entre a intuição e a razão, neste momento o trabalho está aberto ao novo porém atrelado a um desejo predeterminado. Isso muitas vezes leva a descobertas e inspirações para trabalhos futuros de forma quase inconsciente. É nesse espaço onde não há uma certeza que o trabalho vive.
Como você transforma experiências cotidianas em fontes de inspiração?
A inspiração no processo criativo deriva da observação da vida. É a base que impulsiona a criatividade.
A inspiração é como o ar necessário para a pesquisa objetiva, como estudar os grandes mestres da pintura, mergulhar em suas paletas de cores e universo de possibilidades. A experiência de vida cotidiana, somada ao estudo, desempenha um papel crucial. Ao especializar-se, é possível aprofundar o repertório de referências e ampliar horizontes.
Para mim, o desenho é a raiz de tudo, e os mestres da pintura e do desenho, como Picasso, Miró e Matisse, são fundamentais. Reinterpretar sua obra de forma autêntica é um processo de devolver ao mundo a partir de sua própria perspectiva, filtrando como essas influências atravessaram sua experiência pessoal.
Como o processo de design impulsiona seus projetos comissionados e trabalhos artísticos?
A sobreposição entre design e arte é uma parte importante do meu processo criativo, especialmente quando se trata de um projeto comissionado.
Quando sou convidado para um projeto comissionado, como um mural por exemplo, começo sentando com o cliente para compreender suas necessidades e visão. A partir daí, aplico técnicas de design para criar uma proposta, desenvolvendo conceitos, layouts, paletas de cores e outros elementos que ajudem o cliente a compreender e visualizar como ficará o projeto pronto. É muito importante separar o trabalho comissionado, que é direcionado a um lugar ou cliente específico, da pesquisa autoral. Em algumas oportunidades, quando recebo carta branca de um cliente, por exemplo, é possível conciliar as duas coisas, o que é uma grande vantagem, mas é crucial entender que existe um contexto e ser receptivo aos feedbacks para melhorar continuamente o projeto, sempre buscando aprimorar com base no que se ouve como retorno.
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Fotografias por Tarcila Zanatta © Todos os direitos reservados.
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