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Fernanda Pompermayer no Café com Fika: Experimentos no Studio Rocha

  • Foto do escritor: Tarcila Zanatta
    Tarcila Zanatta
  • 8 de jun. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 13 de jul. de 2023


Fernanda Pompermayer é a artista e designer por trás do Studio Rocha, espaço onde canaliza sua criatividade e paixão pela cerâmica. Com formação em design e experiência em escultura e fotografia, Fernanda descobriu na cerâmica uma forma de dar vida às suas ideias. Seu trabalho mais recente flerta com as esculturas, mantendo um equilíbrio entre vasos e luminárias que refletem seu percurso artístico.


Seu processo criativo é marcado pela busca por novas possibilidades e pela valorização da experiência tátil proporcionada pela cerâmica. O Studio Rocha (@studio.rochaa) é um espaço onde a imaginação ganha forma, e as peças criadas por Fernanda são verdadeiras obras de arte que relacionam cor, maximalismo e expressão gestual de maneira única.


Registros por @studio.rochaa e @raphael_dias.

Como nasceu o Studio Rocha e a inspiração para o seu trabalho atual?


O Studio Rocha nasceu do meu desejo de explorar novas formas de expressão durante a pandemia, período em meus trabalhos na área de design e fotografia foram pausados. Como designer, eu já tinha experiência na área, mas foi durante esse período que retornei ao Brasil e tive a oportunidade de trabalhar com argila pela primeira vez.


Ao experimentar esse material, percebi que ele me permitia uma expressão gráfica mais intensa, despertando em mim a vontade de criar colagens e texturas. O nome "Rocha" surgiu como uma referência às formações rochosas e minerais que se assemelhavam ao estilo do meu próprio trabalho. Essa jornada me levou a explorar a criação de objetos físicos, saindo do ambiente digital em que eu estava acostumada a trabalhar.


A cerâmica se tornou uma amiga próxima, permitindo que eu criasse objetos tangíveis e decorativos para minha casa, além de proporcionar uma experiência tátil.

Qual é a origem da técnica que você utiliza?


Não me lembro exatamente como cheguei nessa técnica. Durante a pandemia, comecei a trabalhar com cerâmica em uma casa de praia, com recursos limitados à minha disposição. Fui realizando pequenos experimentos com os materiais que tinha à mão e, em algum momento, descobri que podia criar texturas semelhantes a colagens, que se aproximam às formações rochosas que inspiram o nome do studio.

A técnica que aplico no meu trabalho não permite prever o resultado final com precisão, mas é uma prática que me permite explorar várias possibilidades criativas. A cerâmica, em geral, oferece infinitos padrões e texturas, mesmo que não se tenha controle sobre o processo.



Você pode nos contar um pouco sobre o seu processo criativo?


Meu processo criativo é bastante fluido e experimental. Depois de dominar a criação de vasos, comecei a explorar a ideia de desenvolver luminárias, que me fascinam por seu impacto na atmosfera de um ambiente. Como também sou fotógrafa e trabalho com a luz, tinha o desejo de criar peças luminosas que desafiassem minha habilidade e exigissem um planejamento mais detalhado.


Embora eu faça um planejamento inicial, permito que muitas coisas aconteçam durante o processo criativo. Estou aberta a experimentações e abraço os erros como parte do caminho. Por exemplo, tenho peças que coloco novamente no forno para observar como se transformam, dando espaço para a cerâmica revelar sua natureza imprevisível.


Recentemente, tive uma experiência em que um vaso quebrou completamente. Em vez de descartá-lo, decidi colar as partes e adicionar elementos extras. Surpreendentemente, amei o resultado final muito mais do que a ideia inicial. Aprendi a aproveitar os imprevistos e descobri que essas transformações podem levar a resultados ainda mais interessantes.


Além disso, faço questão de aproveitar ao máximo todos os recursos disponíveis. Nada é desperdiçado no meu trabalho com cerâmica. Mesmo os resíduos cerâmicos são reutilizados de alguma forma, garantindo que tudo seja aproveitado.



Quais outros ensinamentos vieram com esse processo?


Além da cerâmica e da fotografia, também tenho explorado a pintura em telas recentemente, e a experimentação está presente em todas essas formas de expressão. O que me fascina é compreender como os materiais fluem e fluir junto com eles.


Trabalhar com gesso e argila me impõe um tempo limitado para tomar decisões antes que a peça comece a secar. Isso me desafia a soltar o controle e aceitar que nem tudo pode ser completamente planejado. Normalmente, gosto de ter controle sobre muitos aspectos da minha vida, inclusive na fotografia, onde busco controlar a luz, a edição e cada detalhe para evitar frustrações com o resultado final.


No entanto, a cerâmica me ensinou a virar essa chave. Existe uma troca colaborativa com o material: ela faz um pouco, eu faço um pouco. Trabalhamos como uma dupla, onde preciso aceitar e incorporar um pouco do que a própria cerâmica oferece.





O que costuma fazer durante uma pausa criativa?


Uma das coisas que gosto de fazer é escrever, seja para registrar minhas ideias, pensamentos ou observações sobre as peças que criei. É uma maneira de revisitar o processo e compreender como cheguei até aquele ponto. Às vezes, faço uma análise mais profunda de uma peça que amei, sabendo que ela será única e não será reproduzida.


Também gosto de preparar chás no ateliê, e gosto de aproveitar esses momentos para me conectar comigo mesma, revisando minhas anotações e visualizando os caminhos que pretendo seguir em minha jornada criativa. Às vezes, estabeleço um limite de tempo para explorar e desenvolver certas ideias.




Você tem alguma dica para impulsionar a criatividade?


Acho que a criatividade exige disciplina e envolve estar constantemente fazendo. Minha obsessão pela cerâmica fez crescer as peças, as ideias e o próprio estúdio. Mesmo quando não estou tão inspirada, venho para o ateliê para fazer outras coisas que não envolvem criação, como limpar, lixar ou queimar as peças, organizar o espaço.


Acho que a criatividade vem do estar constantemente criando e estar aberto para explorar.

Alguma outra dica que gostaria de compartilhar?


No estúdio, temos ouvido bastante o podcast Elefantes na Neblina, que aborda temas como psicanálise, filosofia e espiritualidade de maneira bem interessante.


Além disso, tenho encontrado inspiração no livro Caminho do Artista de Julia Cameron, que traz várias dicas para acreditar em seu próprio trabalho, mesmo quando você pensa que ele ainda não está onde deveria. É um incentivo para fazer coisas que você gosta e que te conduzem a novas ideias.



Fotografias por Studio Rocha, Raphael Dias e Miguel Thomé © Todos os direitos reservados.

Para conhecer mais, acesse www.studiorocha.com


 
 
 

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