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Mayara Junges no Café com Fika: Moda com Respiro


Mayara Junges é graduada em Design de Moda e pós-graduada em modelagem e moulage, e chama a atenção pela sua trajetória tão recente quanto relevante. 


Criada no interior do Paraná e com avó costureira, a designer encontrou no digital um meio de explorar e nutrir sua criatividade. Durante nosso bate papo, compartilhamos ideias e inspirações, buscando entender um pouco mais sobre a dedicação envolvida na criação das peças autorais, hoje disponíveis em lojas como Shop2gether e Pinga Store.




Como foi o processo de criar sua própria marca? Teve algum momento crucial?

Eu trabalhava há anos no mundo da moda, mas nunca tinha pensado em ter minha própria marca. Tudo mudou quando criei o "Top Flor" como parte do meu projeto de pós-graduação. Coloquei algumas fotos no meu Instagram pessoal e, pra minha surpresa, a peça bombou — e é uma das mais vendidas até hoje. Eu demoro quase um dia para finalizar esse top, entre recortar à mão, modelar no manequim, inserir barbatana e entretela. Todo processo é muito manual, então ele carrega muito a essência da marca. 


Minha experiência anterior como vendedora também foi crucial nessa caminhada. A decisão de abrir minha marca na sala de casa, em setembro de 2022, foi impulsionada por essa bagagem prática, de unir o que o cliente busca com o que falta no mercado.




O slow design é uma abordagem central da sua marca. Pode compartilhar com a gente por que escolheu esse caminho e como ele impacta no negócio?

Escolhi lançar novas peças a cada 3 ou 4 meses, seguindo a ideia de drops e mantendo a produção sob demanda. Com um pequeno estoque disponível para clientes interessados em conhecer o ateliê, evito a pressa na criação de novos produtos apenas por criar, e consigo priorizar a qualidade e a atenção aos detalhes. A satisfação é criar peças elaboradas manualmente, que eu mesma adoraria usar e ver pelas ruas.


Meu foco é criar roupas com volume e informação, versáteis o suficiente para se adaptarem desde situações cotidianas até festas ou eventos especiais. A escolha de tons neutros é uma extensão desse pensamento, de que as peças devem resistir ao teste do tempo e serem usadas em diferentes ocasiões. 


Eu busco um hi-lo, que incentiva a experimentação.

*Hi-lo vem do inglês “high-low” (alto e baixo, literalmente) e é um termo usado para definir a mistura de peças sofisticadas com outras mais básicas, gerando contraste e interesse para a composição.


Recentemente, atendendo ao desejo das clientes, comecei a incorporar cores mais vibrantes, especialmente em peças sob demanda. A ideia é manter esse equilíbrio entre ouvir o cliente e manter a identidade da marca.



O princípio do slow design aparece também no próprio crescimento orgânico da marca. Eu investi na identidade visual e no site da marca, e permiti as clientes descobrirem de uma maneira orgânica. Fico impressionada com a confiança das pessoas desde o início, esse suporte inicial foi fundamental para ter um crescimento baseado na autenticidade, na confiança e no apreço genuíno pelas criações.


A experiência do cliente é uma prioridade para você. Pode nos falar sobre a importância que atribui a ela e como esse cuidado influencia suas práticas comerciais?


Apesar de ser uma marca pequena, mantenho um cuidado com cada aspecto da experiência do cliente. Cada peça é tratada com o mesmo esmero desde a produção até o momento em que chega nas mãos da cliente. Elas são cuidadosamente embaladas em papel de seda dentro da caixa da marca, perfumadas com a fragrância do ateliê e acompanhadas por uma carta escrita à mão por mim.


A designer Mayara Junges no seu ateliê em Curitiba.

Como é o dia a dia no ateliê Mayara Junges? Poderia nos dar uma ideia das etapas envolvidas na criação de suas peças? Para mim, é crucial participar ativamente de todo o processo, para além do desenho e da concepção. Eu me envolvo na modelagem, estabeleço diálogos com as clientes, pondero sobre a mensagem que quero comunicar nas fotos dos produtos e aplico um cuidado especial na embalagem. Esse toque pessoal não apenas reflete meu compromisso com a qualidade, mas também cria uma conexão com quem escolhe vestir uma peça da marca.




E para manter uma rotina mais criativa, quais práticas são fundamentais para inspirar e impulsionar seu processo criativo diariamente?

Minha criatividade é alimentada pela pesquisa constante. Eu busco inspiração em filmes, ouvindo música e explorando áreas além da moda, como arquitetura e design. Adoro a fusão de volumes interessantes dos anos 80 com a sobriedade clássica.


O maior desafio é encontrar espaços dedicados à criação, mas a pesquisa e a inspiração vem de diversas áreas que mantêm a rotina criativa.



Fotografias por Tarcila Zanatta e Mayara Junges © Todos os direitos reservados. Para compartilhar ideias ou falar sobre seu projeto, entre em contato.

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